Deixe que ela guie seus calmos passos
Enquanto a devolve ao paraíso perdido
Enquanto caminha em seus palácios
Seja ato de seus pensamentos proibidos

Se lance ao despautério do seu regaço
Morada de sonhos e espetáculos rendidos
Enquanto, terna, evanesce de seus braços
Olhe para seus olhos, o céu que te faz partido

Veja-se como anjo no reflexo daquela retina
Voz que vagueia sob o silêncio que canta
Sob a luz decomposta da lágrima que a dor refina
Sibila sobre o orvalho da rosa que o espinho ama

E que doce clarão vem desse sangue que fascina
Dessas pétalas carmins que adornam o prana
No oceano desses olhos, mergulha com guina
Nas profundesas adormece e desperta com gana

Sabe que o espaço a levará para longe
Mas que nem o tempo a tirará de perto
Pois o que foi forjado num coração insonte
Pertence ao tempo que não tem um fim certo

Momentos virão sem aquele sorriso
Enquanto a saudade irá sempre sorrir
A memória que arde em seu peito partido
Será o selo que a fará ressurgir

E vagará até o fim do seu mundo
Será terra boa de se retornar
Para isso olhará o abismo profundo
Onde o seu eu deixará de adorar

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