És dona de muitos segredos,
Um sortilégio de proteção.
Em teu único olho habitam desejos,
Em tuas entranhas, a contemplação.
Dos curiosos, és o engodo aceiro,
O perfume que toma cativa a visão.
Tua boca sombria é o latente esteio
Que sorri sob o beijo da decifração.

Tesouros se guardam e se adornam
Sob tua gélida e polimorfa face,
E tuas vozes cifradas nos devoram
Se nos falta o báculo do desenlace.
És a cela dos que de fora olham,
E dos de dentro, a liberdade.
Domá-la é a arte dos que vogam
Sobre o nu limiar da realidade.

Mas é indomada que encantas!
Nas brumas de tua inerte postura.
És sentinela dos portais, sua ama,
O olho que vê o que nunca procura.
Não és o mero trinco que aprisiona,
Nem a fria trava de alma escura.
És deusa do mistério, senhora da trama,
Onde os vis a batizam de vaga fechadura.

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