AS ASAS DO NORTE

E naquele mar luminoso
Iridescente, ela era uma ilha
Meu gosto nadando em seu gosto
Era real ou minha fantasia?
À deriva, sem estrelas, nem dia
Seus olhos orientes, meu sol
Seu perfil, curiosa magia
Eu era a pesca e ela, o anzol

Sua beleza, um excelso farol
Curvilíneas formas de se perder
Seus sóis castanhos, meu arrebol
Uma boca impossível de não querer
De suas palavras, eu bebia prazer
O fazer amor no ato de decifrar
Sua doçura embriagava meu ser
Uma canção nascia em seu simples falar

Dimensões insistiam em nos separar
Mas éramos guerra e relutância
Chamas heráldicas a queimar
Exalando amor em fragrância
E o que é a distância,
Se não o condutor de nossos tatos,
Minha pele em sua dominância,
Meu beijo no calor do seu lábio?

Estamos juntos, isso nos é raro
Mas há uma energia que quer fluir
No toque urente do seu doce pecado
Reinaremos o plano do simples fruir
Disso não podemos fugir
Ainda que a terra adormeça
Ainda que o sol amarelo adoeça
Te incorporar, é meu real porvir


PARALYAL VISTA DE LONGE

Não me peça para dizer
Que o encanto partiu
Que o amor se feriu
Ou que não quero você
Sei que não pude entender
O que sua alma pediu
O que seu olhar insistiu
E que te perdi ao te ter

A desvirtude foi minha
Tentei conquistar
Uma forma de amar
Que há tempos já tinha
Ora, sou página sozinha
Lábios a não beijar
Braços sem abraçar
Um poema sem  qualquer rima

De você me desterro
Porque só resta fugir
Tão somente fingir
Que não sou eu que tanto erro
Mas noutra terra não me enterro
Meu lado bom vou surgir
Um novo eu construir
E tão logo me entrego

E se eterno for meu exílio
Orgulhoso estarei
Por esta terra sem rei
Permanecer em delírio
Não fingirei um alívio
Se retornar nunca ser
Mas estarei com você
Nas lembranças do início


ALI, SOB OS OLHOS...

Um triz,
Um amigo,
Uma bela donzela
(amiga do amigo),
A morte
(travestida de vida),
Um prazo
E uma valsa:
interrogo-me,
mas respostas
são ar em minha
aerodinâmica.