Devolva-me o parafuso

DEVOLVA-ME O PARAFUSO

Tão longe, tão perto
Meus lábios te esperam
Tão grande, tão certo
Te amo e te quero

Que se dane a distância
Se eu já me lembro dos seus beijos
Navego no seu sorriso
O mais lindo dos veleiros
Você é mais que sonho
É essencial, meu elixir
E embora não tenha tomado
Você já dá biziu* em mim

E eu fico louco e finjo que você
Já está aqui
Vejo seus olhos no espelho
Eles olhando pra mim
E é seu perfume que me invade
Ao sair e ao chegar
Seu corpo nu que me aquece
Ao dormir e acordar

Enorme e perversa
A distância é uma fera
Mais forte e mais bela
A vontade se rebela

Pro inferno a sanidade
Se é você meu devaneio
Seu abraço é o meu Prozac
Suas curvas, o meu norteio
Meu delírio é sua voz
Tão gostosa de se ouvir
Um som como o absinto
E que já dá biziu* em mim

E eu fico louco e finjo que você
Já está aqui
Vejo seus olhos no espelho
Eles olhando pra mim
E é seu perfume que me invade
Ao sair e ao chegar
Seu corpo nu que me aquece
Ao dormir e acordar

Das mil vidas que vivi
É você que me fascina
De todos os nomes que escrevi
Você é o que me fulmina


CURRAL DEL REY

Sem essa desculpa
De distância, de espaço!
Ainda que não olhe nos seus olhos,
Perco-me, me achando no seu abraço.

Quilômetros de ar,
Eu mesmo desfaço!
São milésimos de milímetro para
Lábios que são fogo em embaraço.

É um trem estranho,
Esse de te querer,
Sabe?

Esses olhos castanhos
Que quero saber
Se no meu verde cabem.


VAGAR E NÃO SE PERDER

Que mistério há nesses ternos olhos?
Nunca vistos, mas sempre tão olhados
Universos tão certos em mundos novos
Selas perfeitas para meu espírito alado

Lábios confins de volúpia e pecado
Rubro alento de meu constante sonhar
Setas de fogo que me tornam reato
Gênese do vício de não querer não desejar

Sou o refém desse esfuziante encantar
Dessa presença que desdobra a distância
Longe de mim, é o meu imerso desejar
Todo meu eu em plena dissonância

Todo o agora não compra o meu sonhar
Pois nele encontro minha doce errância