AS ASAS DO NORTE
E naquele mar luminoso
Iridescente, ela era uma ilha
Meu gosto nadando em seu gosto
Era real ou minha fantasia?
À deriva, sem estrelas, nem dia
Seus olhos orientes, meu sol
Seu perfil, curiosa magia
Eu era a pesca e ela, o anzol
Sua beleza, um excelso farol
Curvilíneas formas de se perder
Seus sóis castanhos, meu arrebol
Uma boca impossível de não querer
De suas palavras, eu bebia prazer
O fazer amor no ato de decifrar
Sua doçura embriagava meu ser
Uma canção nascia em seu simples falar
Dimensões insistiam em nos separar
Mas éramos guerra e relutância
Chamas heráldicas a queimar
Exalando amor em fragrância
E o que é a distância,
Se não o condutor de nossos tatos,
Minha pele em sua dominância,
Meu beijo no calor do seu lábio?
Estamos juntos, isso nos é raro
Mas há uma energia que quer fluir
No toque urente do seu doce pecado
Reinaremos o plano do simples fruir
Disso não podemos fugir
Ainda que a terra adormeça
Ainda que o sol amarelo adoeça
Te incorporar, é meu real porvir