Início do século 21 e as rádios do Brasil se viram invadidas por um hit que viria a ser o single mais tocado no ano de 2001. Considerada pela revista Rolling Stone como uma das melhores músicas do Rock Nacional, “A Cera”, da arretada banda cearense “O Surto”, transformou-se no hino dos underground boomers de 13 anos atrás e a prova de que a simplicidade é realmente a realização máxima.

A música descreve um amor à primeira vista sem as frescuras do romantismo floreado. Trata-se de uma bonita declamação vestida com a cultura das ruas, cheia de gírias e do encanto que há na simplicidade das coisas. O recíproco e nu interesse entre dois jovens tão reais quanto nós mesmos. O timbre e a dicção da voz de Reges Bolo aumentam ainda mais a verossimilhança da música, pois fazem com que nos sintamos como o interlocutor de uma conversa íntima entre dois “chegados”. O instrumental bem alinhado, de levada meio beach/reggae/psychodelic, é daqueles de elaboração simples, mas muito fáceis de ficar grudados na cabeça.

A banda, depois de fazer muito sucesso abrindo shows para o Raimundos e participar de eventos importantes do rock nacional, como o Rock in Rio, lançou três álbuns, além da demo “O Surto”. Hoje conta com apenas dois membros da formação original, Reges Bolo (vocal e líder da banda) e o baixista Franklin Medeiros. Nas paletas, Giuliano Giarolo, e nas baquetas, Markão Morini. Prometem lançar o EP “É para Quem Gosta, e não para Quem Quer” até agosto.

É uma excelente baladinha sem viadagem pomposidade. Abaixo, a letra:

A Cera

Eu tava ali
Ela também, ela também estava ali
Tava parada e olhando para mim
A conversar com um chegado bem do meu lado
Me encorajando a chegar junto dela
Fala pra ela sobre a minha intenção
Antes que esqueça pois pirei meu cabeção
Eu vou me levantar
Vou lá onde ela está
Fala pra ela
Um rosto lindo e um sorriso encantador
E um jeitinho de falar que me pirou, que me pirou o cabeção
Um rosto lindo e um sorriso encantador
E um jeitinho de falar que me pirou, que me pirou o cabeção
Que me pirou…

Que ela era show
E o piercing dela refletia a luz do sol
Os olhos dela me indicavam a direção
Cabelo ao vento
Meus olhos sempre atentos aos seus movimentos
Que piração

Acho que é hora de uma aproximação
De um diálogo sobre esta condição
Dessa história de pirar meu cabeção
Meu cabeção…

Um rosto lindo e um sorriso encantador
E um jeitinho de falar que me pirou, que me pirou o cabeção
Um rosto lindo e um sorriso encantador
E um jeitinho de falar que me pirou, que me pirou o cabeção
Que me pirou…

O piercing dela refletia a luz do sol
Os olhos dela me indicavam a direção
Cabelo ao vento
Meus olhos sempre atentos aos seus movimentos
Que piração

Acho que é hora de uma aproximação
De um diálogo se houvesse a condição
Dessa história de pirar meu cabeção

Um rosto lindo e um sorriso encantador
E um jeitinho de falar que me pirou, que me pirou o cabeção
Um rosto lindo e um sorriso encantador
E um jeitinho de falar que me pirou, que me pirou o cabeção
Que me pirou…