Não é à toa que nos contentamos facilmente com o que somos e nos acomodamos no quarto escuro e sem janelas da alienação. Não pensar – hoje – é um panegírico manifesto dos que querem se sentir acolhidos pela ébria massa, abraçados e reconhecidos por um sistema que nos desumaniza e nos dá uma falsa noção de liberdade e sucesso: o ter, em detrimento do ser; o ignorar, em detrimento do pensar. É fácil constatar que estamos caminhando para uma era do pensamento morto, basta fazer uma análise nas redes sociais, só para se ter uma ideia: a “desimportância” é pregada e espraiada pela maioria gritante dos usuários, entretenimento vazio, humor fácil e desinteresse generalizado. E não é raro você ver críticas destrutivas em relação aqueles que ainda arriscam pensar e expressar seus pensamentos: desdenham e os ridicularizam com argumentos estéreis e nomes pejorativos. Nunca se viu o termo pseudo-intelectualismo ser tão usado. Ser estúpido, hoje, é cool! Ser ignorante é ser descolado! Ser mal-educado é ter estilo! E ser alienado é um atestado de cidadania.

Pensar é uma doença que está sendo evitada a todo custo. Campanhas invisíveis de supressão ao pensamento são uma pungente realidade. O mais assombro é que queremos isso! E perseguimos aqueles “doentes” despadronizados que colocam em risco a estase social. Conceber o pensamento é como dar à luz uma besta apocalíptica. Quem aí achou que zumbis não existiam está parcialmente equivocado.

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