Me queime, ó gênese de tudo que há.
Reacenda em mim a chama que só você alimenta.
Já que faz a existência brilhar,
Faça de mim um estandarte que te ostenta.
Nomeie-me cavaleiro sob o seu luar,
Guerreiro noturno do lirismo que reinventa,
No doce mundo em que basta sonhar,
Na utopia dos tempos que o passado isenta.
Me afogue nesse oceano de verdades
E ressuscite-me com a valia do seu nome.
Leve-me ao temido olho da tempestade,
Onde a coragem nasce e o medo se esconde.
Lute comigo contra a minha animalidade,
Fonte do mal que a mim mesmo consome.
Matemos também minha vã humanidade,
Que alimenta meu ego, enquanto morre de fome.
Estou meio morto nesse claustrofóbico nada,
Vivendo a angústia que de mim se enfada,
Esperando te encontrar sem estar vendo:
Uma pétala destinada em busca do vento.
O bramido carmim ecoa em meus lábios,
Enquanto sussurro por sua manifestação,
A poderosa presença, o êxtase dos sábios,
A magia infinita que habita um coração.
Deixe-me entrar em seus versos fantásticos
E metamorfosear-me em sua inexatidão,
Me inebriar, dançando em seus cenários,
A canção dos eternos, que vêm e não vão.
Personifique-se a mim, ó sombra iluminada!
Que meus olhos vejam o que agora eu sinto,
Para que tudo se vá e o infinito se faça
No agora que é o que eu apenas pressinto.
Eis o chamado do receptáculo,
O clamor de quem já se sentiu
Coadjuvante desse espetáculo,
Verdadeiro herói que nunca caiu.
Consegui alcançar o graal das deidades?
Será que pude o imponderável transpor?
Te encontrar, é minha mais forte verdade.
É contigo que falo, tão facetado amor.
Imagem de Capa: “Hombre en la niebla” – Foto por cocoparisiene – Domínio Público (Creative Commons)
Título: emprestado de uma das cartas da campanha Onslaught (Investida, no Brasil), de Magic: the Gathering©
“Personifica-te a mim, ó sombra iluminada
Que meus olhos vejam o que agora sinto”
Que lindo!
Adorei^^
Vc escreve muito bem Vi…
=]
Bjomeu.
esse texto vai direto para o zine.
Ferreira Gullar costuma dizer que “o poema nasce do espanto e o espanto do incompreensivel”. Pois bem,
seu poema me espantou. Há nele muita verdade e muito delírio. Muita filosofia e muita vertigem.
Casa muito com a idéia do fanzine.
Vc escreve muito bem! Impressionante!!
Penso que arranca suas inspirações das noites de martini e rock.
Parece poema feito na noite.
Muito bom trocar idéias contigo, grande poeta!
e parabéns pelo texto!
Como disse o Doug, muito delírio, muita verdade….
muito louco..massa Vicente.
Cara nunca tinha visto massa mesmo! ^^
Morto estou nesse claustrofóbico nada
Vivendo a angústia que de mim se enfada
Esperando encontrar-te, sem estar vendo
Uma pétala destinada em busca do vento
Um momento meu e da minha busca pelo amor do eu.
Beijo
poli