Me queime, ó gênese de tudo que há.
Reacenda em mim a chama que só você alimenta.
Já que faz a existência brilhar,
Faça de mim um estandarte que te ostenta.
Nomeie-me cavaleiro sob o seu luar,
Guerreiro noturno do lirismo que reinventa,
No doce mundo em que basta sonhar,
Na utopia dos tempos que o passado isenta.

Me afogue nesse oceano de verdades
E ressuscite-me com a valia do seu nome.
Leve-me ao temido olho da tempestade,
Onde a coragem nasce e o medo se esconde.
Lute comigo contra a minha animalidade,
Fonte do mal que a mim mesmo consome.
Matemos também minha vã humanidade,
Que alimenta meu ego, enquanto morre de fome.

Estou meio morto nesse claustrofóbico nada,
Vivendo a angústia que de mim se enfada,
Esperando te encontrar sem estar vendo:
Uma pétala destinada em busca do vento.

O bramido carmim ecoa em meus lábios,
Enquanto sussurro por sua manifestação,
A poderosa presença, o êxtase dos sábios,
A magia infinita que habita um coração.
Deixe-me entrar em seus versos fantásticos
E metamorfosear-me em sua inexatidão,
Me inebriar, dançando em seus cenários,
A canção dos eternos, que vêm e não vão.

Personifique-se a mim, ó sombra iluminada!
Que meus olhos vejam o que agora eu sinto,
Para que tudo se vá e o infinito se faça
No agora que é o que eu apenas pressinto.

Eis o chamado do receptáculo,
O clamor de quem já se sentiu
Coadjuvante desse espetáculo,
Verdadeiro herói que nunca caiu.

Consegui alcançar o graal das deidades?
Será que pude o imponderável transpor?
Te encontrar, é minha mais forte verdade.
É contigo que falo, tão facetado amor.

 

Imagem de Capa: “Hombre en la niebla” – Foto por cocoparisiene – Domínio Público (Creative Commons)

Título: emprestado de uma das cartas da campanha Onslaught (Investida, no Brasil), de Magic: the Gathering©

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