Do acaso à retina, o flamejar do teu eu
Chama que cega enquanto as vendas tira
Vestida de fogo, quem queimava era eu
Na púrpura presença de uma deusa ninfa
Quimera deiforme, tão bela e magnífica
Cujos lábios fizeram sedentos os meus
No teu olhar de Vênus, o meu se perdia
Meus olhos morriam e reviviam nos teus

E mudo ficava só para ouvir tua canção
A melodia das formas daquele apogeu
Só ouvia tua beleza e o bater do coração
De um poeta e a poesia que nunca teceu
Ansiava segurar a fortaleza de tuas mãos
Provar do fulgor de teus lábios ninfeus
Teus olhos de náiade pareciam dizer não
Mas meu corpo ordenava a busca do teu

Anjo de voluptuosas curvas inesquecíveis
De doce falar e de torneadas maestrias
Silhueta febéia das mais belas hamadríades
Espelho do belo, beladona que inspira
Se ontem te vi, para sempre te quero
És a senhora de minha sublime epifania