RESENHA: A PELE QUE HABITO (FILME)
16 de novembro de 2019RESENHAS E CRÍTICASResenha,Crítica,A Pele que Habito,Pedro Almodóvar,Antonio Banderas,Elena Anaya,Filmes,Cinema
Olha, juro que tentei escrever sobre este filme sem dar spoilers, mas ora ou outra lembrava de um traço de A Pele que Habito que, inevitavelmente, merecia comentário. Sendo assim, corro o risco de passar alguma raiva em quem não gosta de saber da trama sem ter visto o filme. Me perdoem os que estão perdendo tempo e ainda não assistiram (não sei como, afinal o filme é até antigo) e os melindrosos que odeiam um despercebido resenhista (ou bocudo chato?).
O filme de 2011 - um amálgama de suspense psicológico e drama experimental -, La piel que habito, é adaptação do romance Tarântula (Mygale), do escritor francês Thierry Jonquet e narra a bizarra e criativa vingança arquitetada pelo proeminente e esquisito cirurgião plástico Roberto Ledgard (Antonio Banderas) contra Vicente (Jan Cornet), o "estuprador" de sua filha, a qual, após o episódio, desenvolveu uma patológica ojeriza ao pai. Apesar da crítica mainstream estar colocando em xeque os últimos trabalhos do diretor espanhol , este é um excelente trabalho do talentoso autodidata Pedro Almodóvar. Um filme ímpar! Com um roteiro original e surpreendente, uma fotografia angustiante e apaixonante e a interpretação mais que verossímil de Antonio Banderas e Elena Anaya, o nosso São Pedro conseguiu mais orgulho para seus milagres na sétima arte.

A PELE QUE HABITO IMPRESSIONA O ESPECTADOR
Almodóvar, como excelente contador de histórias que é, nos deixa perplexos com o desenrolar da trama e com a principal revelação do filme. Roberto, talvez impulsionado (ou enlouquecido) pelos fantasmas das tragédias familiares que precederam e sucederam o estupro da filha, busca muito mais que vingança: Vicente passa a ser, para ele, não apenas o algoz de sua filha, mas um avatar para suas projeções afetivas, um receptáculo para uma mistura de frustração e desejo. Usando uma dinâmica que oscila entre flashbacks e o presente, a película faz evanescer o plano de fundo (a criação de um novo tipo de pele, mais resistente ao fogo e a intempéries, motivada pela "morte" da esposa do cirurgião em um acidente de carro) e vai esboçando o verdadeiro enredo, nos chocando e nos fazendo questionar nossas próprias convicções morais e a reposicionar vilões e mocinhos.
Com closes vertiginosos na bela estrutura "feita" da personagem Vera (Elena Anaya), Almodóvar nos faz repensar as duas formas de beleza, interior e exterior. A iluminação do filme é predominantemente clara, fornecendo sombras que enaltecem a compleição angelical que Elena pincela com maestria e proporcionam uma dramaticidade volumétrica para cada cena. Sempre com enquadramentos inusitados, nos sentimos imersos na história, presentes em cada um dos momentos de tensão.

PERSONAGENS VEROSSÍMEIS
A linda Elena Anaya enche nossos olhos e sentidos ao nos fazer crer que Vera realmente está ali e que realmente se sente dentro de uma pele que não é sua, como borboletas num escafandro bem desenhado. É simplesmente tocante cada olhar, cada gesto, cada palavra. E o velho companheiro de Almodóvar, Banderas, não deixa a desejar! Ar de louco ele já tem, o que veio a calhar neste papel. Jeckyll e Hyde purinho! Atuam com uma harmonia e genialidade tão grandes que o drama que os cerca nos sufoca, nos deprime e encanta.
AINDA QUE NADA NOVO, VALE ASSISTIR?
A Pele que Habito não é um desses filmes que nos mantém incólumes, depois de assisti-los. Há uma relação de troca entre nosso repertório e os conflitos que Almodóvar mostra nesse longa, o que é padrão em sua atuação como Diretor. O filme quase beira o romance, apesar de cunhar-se de suspense e drama. Sem ingenuidade ou censura, o filme é mais que entretenimento original, é um convite ao reflexo e à reflexão. Coisa de gente grande. Vale conferir!
A Pele que Habito (La Piel que Habito)
Espanha
Tempo: 120 minutos
Ano (lançamento): 2011
Diretor: Pedro Almodóvar
Roteirista: Pedro Almodóvar
Baseado em: Tarântula, livro de Thierry Jonquet
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Resenha: A Entrevista com o Vampiro (Livro)
16 de outubro de 2019RESENHAS E CRÍTICASEntrevista com o Vampiro,Literatura,Livros,Resenha,Crítica,Anne Rice,Lestat,Louis,Vampiros
Louis e Lestat se decepcionariam com o que sua raça virou para o entretenimento atual. São tempos de vampirinhos politicamente corretos brilhando sob a luz do sol como lantejoulas em festa brega. De dentuços que são mais “humanos” que a Madre Tereza de Calcutá. É bem provável, então, que poucos conheçam Howard Allen O’Brien, mais conhecida como Anne Rice, e suas bem-sucedidas Crônicas Vampirescas. Crônicas que começam com o famigerado Entrevista com o Vampiro. Trata-se de um livro com uma atmosfera ainda mais sombria do que se poderia esperar de um romance do gênero. Fugindo dos lugares comuns do tema e derramando crise em seus personagens, a autora dá vida a uma verdadeira mitologia. Das ruas escuras, úmidas e putrefatas de uma Nova Orleans engatinhando pelo século XVIII para o mundo dos best sellers.
A ENTREVISTA COM O VAMPIRO
O romance é escrito em forma de uma longa entrevista biográfica de Louis de Pointe du Lac. Narrando sua vida à Daniel, um curioso repórter biógrafo, Louis revela os acontecimentos que sucedem sua transformação em vampiro. Esmiúça sua relação de amor, cumplicidade e ódio com Lestat de Lioncourt, aquele que lhe ofereceu o “dom das trevas”. A trama se desenrola com o crescente fascínio de Louis pelo mundo humano, que já não lhe pertence mais. Sua angústia para entender a origem e extensão dos seus poderes tornam a narrativa fascinante, até para Daniel. A constante busca para encontrar outros de sua espécie reverbera num intrincado desfecho.
LOUIS DE POINT DU LAC
Entrevista com o Vampiro nos apresenta Louis, que é o próprio reflexo da introspecção. Após inúmeras tragédias familiares, Louis passa desejar a morte mais que tudo. Brinda com ela em todas as suas saídas envoltas em um desejado perigo irresponsável. Isso até beber o sangue daquele vampiro centenário que lhe ofereceu a vida eterna. Com todos os véus e fraquezas humanas expurgados como excrementos do seu corpo novo, ele passa a se maravilhar com a riqueza de detalhes imanentes no mundo. Quem leu As Portas da Percepção, de Aldous Huxley, vai notar uma incrível semelhança entre as sinestésicas descrições sensoriais de Louis com os opulentos detalhes da experiência do autor com o peyote (mescalina).
Louis – futuramente lembrado com o epíteto “o mais humano dos vampiros” – vive em constante crise existencial graças à força de sua natureza humana em contraste com a besta bebedora de sangue que há em si. É doce, sensível e virtuoso, mas se mostra feroz e impiedoso numa das passagens mais emblemáticas do livro.

LESTAT DE LIONCOURT
Já Lestat é o típico anti-herói (muitos dirão que é vilão). Efusivo, negligente e atroz na arte de se alimentar e matar. É descrito por Louis com uma beleza estonteante e alcalina. Passa a morar com seu recém-convertido, embora não dê a ele o conhecimento e respostas que ele tanto anseia sobre os dons das trevas e a solidão que eles trazem. Não dá pista alguma de seu passado, apenas repete inúmeras vezes que deu a Louis a escolha que ele nunca teve. Apesar de toda a revolta do narrador-personagem, Lestat não pode, de forma alguma, ser visto de forma unívoca e completa.
CLAUDIA E ARMAND
Outros personagens têm importância determinante no desenrolar da trama, como Claudia, amada e protegida da dupla de vampiros, a eterna criança, e o vampiro Armand, líder e ator do Teatro dos Vampiros (admita, você lembrou de Legião Urbana) em Paris.

UMA MITOLOGIA FASCINANTE
No universo de Rice, os vampiros são criaturas preternaturais que, após deixarem a mortalidade e todas as vicissitudes de uma vida finita, transcendem não apenas a perecibilidade da carne, mas também as limitações intelectuais e culturais que “cegam” os humanos. Tanto, que a noção de gênero cai por terra. Como o próprio Louis explica a Daniel, o desejo se desperta aquém do sexo, é uma atração pelo intelecto do outro. Isso torna normal, no decorrer da história, paixões avassaladoras (não sexuais, lembre-se) entre dois vampiros do mesmo sexo (o chato Edward nem parece tão gay agora, né?).
E sabe por que o nome Entrevista com o Vampiro não é tão estranho para você, que nunca leu o livro? Porque em 1994 foi lançada uma adaptação cinematográfica que fora bem recepcionada pela mídia graças ao trio de galãs que interpretaram os principais vampiros do enredo: Brad Pitt como Louis, Tom Cruise como Lestat e Antonio Bandeiras como um Armand bemmmmmmmmmmmmmmmmm mais velho do que o original. Dirigido por Neil Jordan, o filme homônimo não jogou tanta merda na obra de arte que o livro é por causa da participação direta de Anne Rice na produção do roteiro. Ainda assim, muita coisa foi alterada para deixar o filme mais “aberto” a todo tipo de público.

VALE A LEITURA?
Entrevista com o Vampiro é um marco na literatura fantástica, pois transforma o que seria um bando de sanguessugas desvairados em agentes cônscios, embora problemáticos, que encontram a eternidade, mas vivem no lusco-fusco entre o viver para sempre e o invejar a brevidade. Anne Rice escreve com uma sensibilidade tão premente que, às vezes, parece se tratar de uma grande epopeia poética. Não bastasse o talento da autora em nos manter famintos pela próxima página, a versão brasileira contou com a tradução da não menos talentosa e inigualavelmente brilhante Clarice Lispector, ou seja, é lindo do início ao fim.
A versão brasileira pela Rocco traz uma linda capa, acabamento primoroso e uma diagramação que proporciona fluidez à leitura. Trata-se de um livro para quem não aguenta a tepidez da vampiromania infanto-juvenil que assola a literatura e o cinema e que aprecia um drama psicológico sem a batuta do politicamente correto e sem as frescurites do “educar e entreter”. Para ter sido o primeiro degrau de uma primorosa decalogia e de uma nova leva de crônicas, este livro não pode ser nada menos que excepcional!
Recomendado!
Entrevista com o Vampiro
Páginas: 312
Ano (lançamento): 1976
Autor: Anne Rice
Tradutor: Clarice Lispector
Editora: Rocco
[wp-review id="66219"]
TIQUETAQUE, AR
13 de setembro de 2019CANÇÕESTempo,futuro,vida,Presente,Aproveitar,Carpe Diem,Passado
Carrego o tempo no meu pulso
E ele me dispara em seu impulso
Me acelera ao ponto de esquecer
Que tempo não se pode perder
O que se foi não se faz mundo
Toda essa velocidade em tudo
E essa sede vã pelo absoluto
Pedem os ternos calmos passos
Que nos esvaziam de idos rasos
Com paraísos mais profundos
Preciso mesmo é desacelerar
Ver a paisagem da vida, seu mar
Gozar cada uma das subidas
Entender todas úteis descidas
Em câmera lenta me filmar
O tiquetaquear do tempo
Nunca deixa de assombrar
Aquele que pensa que viver
É a plena arte de acumular
Para os que vivem devagar
Que se apaixonam por seus dias
O tiquetaque é só o tilintar
Do eterno brinde que é sua vida
Preciso mesmo é desacelerar
Ver a paisagem da vida, seu mar
Gozar cada uma das subidas
Entender todas úteis descidas
Em câmera lenta me filmar
Preciso mesmo é entender
Que o tempo que eu vou ver
Não vai passar de grão de areia
Na praia sideral das estrelas
Onde um castelo eu vou fazer
O tiquetaquear do tempo
Nunca deixa de assombrar
Aquele que pensa que viver
É a plena arte de acumular
Para os que vivem devagar
Que se apaixonam por seus dias
O tiquetaque é só o tilintar
Do eterno brinde que é sua vida
PRO INFERNO COM O TERCEIRO ATO
11 de agosto de 2019CANÇÕESPersonalidade,Ser,Identidade,Poder,Controle,Massa
Acordou sem saber onde estava
Na verdade, será que dormia?
Como sonhos são para poucos
Pesadelo era o seu dia-a-dia
Deveria ser como os outros
No vil proscênio da vida
Que crime ser ela mesma
Uma violência contra a maioria
Existir não lhe bastava
Ela queria mesmo era ser
E se equalizar com a maioria
Lhe doía mais que não viver
Sua identidade definharia
Se não a pudesse transparecer
Ser apenas mais do mesmo
Era respirar um eterno morrer
Não me encontre
Quando eu quiser naufragar
Não me corrija
Quando eu errar por querer
Não rascunhe
O que eu devo usar
Não rasure
O meu mode de ser
Não simplifique
Meu complicado pensar
Não padronize
O meu ganhar ou perder
Desista
De me arquitetar
Pois sou caos
Ordem, ato e poder
Lembrou que estava em casa
Sob o teto que a entendia
Aquelas estranhas paredes
Suas verdadeiras amigas
Mas era hora de cair na rede
Um sorriso enlevado abria
Começaria o seu não ser
A personagem que o mundo via
Estranho, sair e se encarcerar
Um escafandro pelas ruas
Mas o aço que interpretava
Não calava sua vontade nua
Se não era, se insinuava
O desejo de ser era ranhura
Onde fugia do papel no qual
Era de todos, não era sua
Não me encontre
Quando eu quiser naufragar
Não me corrija
Quando eu errar por querer
Não rascunhe
O que eu devo usar
Não rasure
O meu mode de ser
Não simplifique
Meu complicado pensar
Não padronize
O meu ganhar ou perder
Desista
De me arquitetar
Pois sou caos
Ordem, ato e poder
DEVOLVA-ME O PARAFUSO
10 de julho de 2019CANÇÕESAmor,Distância,Paixão,Absinto,Loucura
Tão longe, tão perto
Meus lábios te esperam
Tão grande, tão certo
Te amo e te quero
Que se dane a distância
Se eu já me lembro dos seus beijos
Navego no seu sorriso
O mais lindo dos veleiros
Você é mais que sonho
É essencial, meu elixir
E embora não tenha tomado
Você já dá biziu* em mim
E eu fico louco e finjo que você
Já está aqui
Vejo seus olhos no espelho
Eles olhando pra mim
E é seu perfume que me invade
Ao sair e ao chegar
Seu corpo nu que me aquece
Ao dormir e acordar
Enorme e perversa
A distância é uma fera
Mais forte e mais bela
A vontade se rebela
Pro inferno a sanidade
Se é você meu devaneio
Seu abraço é o meu Prozac
Suas curvas, o meu norteio
Meu delírio é sua voz
Tão gostosa de se ouvir
Um som como o absinto
E que já dá biziu* em mim
E eu fico louco e finjo que você
Já está aqui
Vejo seus olhos no espelho
Eles olhando pra mim
E é seu perfume que me invade
Ao sair e ao chegar
Seu corpo nu que me aquece
Ao dormir e acordar
Das mil vidas que vivi
É você que me fascina
De todos os nomes que escrevi
Você é o que me fulmina
A VIDA NOTURNA SOBREVIVERÁ À NETFLIX?
10 de novembro de 2017ARTIGOSNetflix,Noite,Vida Noturna,TV,Interação,Rolê,Programa,Platão
Desde que deixou de apenas entregar DVDs pelo correio para disponibilizar conteúdo via streamming em 2007, a Netflix não para. Não bastasse ter se tornado um dos maiores impérios digitais do mundo, o serviço atua e dirige a cultura pop. Mais que revolucionar a forma como assistimos à TV, a cria de Reed Hastings e Marc Randolph redefiniu nossos hábitos. Se antes sentávamos à frente da TV para assistir a um filme ou a um episódio de alguma série, hoje aprendemos a maratonar. Assistir a todos os episódios de uma série ou a toda uma sequência de filmes virou programa de fins de semana inteiros. Em contrapartida, casas noturnas, bares, cafés e restaurantes têm registrado quedas acentuadas no número de visitantes há algum tempo. Estaria a vida noturna sentindo a hégira do avesso, onde estaríamos deixando a Medina das ruas e voltando para a Meca do entretenimento audiovisual em casa?
NETFLIX E A ENGENHARIA DA SATISFAÇÃO
Quem nunca ouviu falar que Stranger Things, a atual queridinha do serviço de streamming, fora concebida com a ajuda de um poderoso algorítimo? Os irmãos Duffer que nos perdoem, mas faz bastante sentido, haja vista o sucesso estrondoso que o programa obteve com todos os públicos. Por conta disso, Stranger Things será uma coriza insistente por muito tempo ainda. Quem utiliza o sistema sabe que ele se adapta ao usuário. Aprende a reconhecer seus padrões de zapeamento e busca, seus gostos e, assim, a indicar títulos, organizar conteúdo e, num espectro mais holístico, criá-lo. Trocando em miúdos, ela sabe nos agradar. Proporcionar, de forma personalizada e nas cercanias da própria casa, uma gama de produtos audiovisuais que exijam não mais que uns trocados e um dispositivo conectado à internet conquista gregos e troianos.
O FLERTE ENTRE A VIOLÊNCIA E A VIDA NOTURNA
Ok, nada substitui a interação, o ar diferente, os sons e os sabores que só uma passeada após as 20h pode nos proporcionar. Nem é preciso ser um boêmio autêntico para saber que é sob a ribalta da noite que o interessante se descortina. Sair para uns drinks, para comer com os amigos ou o crush, para dançar ou simplesmente para ver gente melhora o humor de qualquer um que vive a celeridade do dia-a-dia. E como não se apaixonar pela glossolalia da noite lá fora? Contudo, nem tudo são flores. Quem vive no Brasil conhece a violenta selvageria das ruas, especialmente nas altas horas. Pode parecer um exagero falar dessa forma, mas infelizmente é o que mais se aproxima da realidade. Obviamente, a atmosfera de crime e o risco latente são desmotivadores razoáveis na hora de decidir sair ou ficar em casa.
NO FRIGIR DOS OVOS
Esse não é um tratado, apenas um texto dentre outros textos. Mas fica claro que optar pelo programa satisfatório, que é a Netflix, na segurança do lar ao invés de ir àquele rolê maroto não é um cenário tão improvável assim. A vida noturna perde, aos poucos, os atores de seu espetáculo. Já o entretenimento que abafa a centelha gregária de cada um de nós passa a se tornar a nova parede no centro da caverna (de Platão). As sombras (aqui, as luzes) que contam sobre a vida lá fora já nos bastam. Apenas fruir parece se tornar melhor que experienciar. Contudo, a "pobre" Netflix não deve ser demonizada, pois, além de não ser a única válvula de escape dos que não querem se aventurar na noite, é apenas reflexo de uma sociedade assustada e cansada.
O importante é não deixar que isso se transforme numa distopia real. É não alienar-se. É não deixar de maratonar a própria vida também. Interagir é importante, até mesmo para poder trocar aquela ideia sobre sua série favorita. E nada melhor que a noite para fomentar a interação. Não esqueçamos a constatação de Christopher McCandless em Na Natureza Selvagem: "A felicidade só é real quando compartilhada." E não: a vida noturna pode murchar, mas não morre!
CASAMENTO: ELE NÃO FALIU, NÓS QUE FALHAMOS
8 de novembro de 2017ARTIGOSAmor,Paixão,futuro,Casamento,Responsabilidade,Administração,Felicidade,Promissor
Parece clichê, mas é isso, estou falando do casamento! Nesses últimos dias, à margem das crises política e econômica e dos incessantes vídeos de gatos fofos na internet, tenho ouvido/lido burburinhos e máximas modernas sobre a nulidade e a obsolescência programada dos laços matrimoniais. No entanto, há mais angústia e ceticismo do que motivos realmente sólidos para a crença de que o casamento não passa de um mecanismo social-religioso arcaico que perdeu a sua utilidade num tempo onde a palavra poliamor se tornou uma convicção viral.
Sou super a favor de quem opta por uma vida menos dogmatizada e livre dos padrões vigentes e de tudo que consideram ser uma falsa noção de amor fundada no colo de uma sociedade patriarcal machista. É libertário, moderno e válido! Afinal, uma simples olhadela ao redor revela uma miríade de “contratos matrimoniais” malsucedidos e uma pá de outros fadados ao insucesso. E a propaganda da amargura, intrínseca a cada um de nós, que preferimos espraiar a dor ao invés do gozo, ajuda a termos isso como regra.
Sim, é uma merda! Acontece mesmo. E com abominável frequência. Mas eu não diria que a culpa do fracasso esteja no modelo tido como cafona de amantes que se aliançam sobre um “para todo sempre” religioso a la Disney. A instituição nunca faliu, os “sócios” nela é que falham miseravelmente em administrá-la, talvez por deficiências em suas competências transversais ou por simplesmente não estarem prontos para encarar o desafio de viver a dois. Às vezes, por serem picaretas mesmo. Às vezes, por não terem pleno conhecimento do que realmente sentem. E aquela coisa de “Ah! Com o tempo o fogo esfria ou se apaga!” é o atestado da mais insólita das incertezas, a assinatura de uma confissão que diz “Tenho convicção de porra nenhuma”. Afinal, não é necessário nadar em lirismo para saber que toda chama tem de ser alimentada, senão extingue-se.
Por fim, há os que apedrejam a simples ideia ou menção da palavra e se recusam veementemente a entrar nessa enrascada. Execram, enchem de escárnio e apedrejam os “pobres idiotas” que ainda vivem a inocência de sonhar. Caros amigos, seu medo do desconhecido não o transforma no Diabo. Há esperança quando exerce-se o poder da vontade, e do amor sob a vontade.
Nem toda história de amor é uma infantil estória de amor e não é um acidente que condena todas e quaisquer viagens. Raridade é o que torna algo realmente precioso.
Originalmente publicado por mim na Revista Factual.
OS 10 PILARES PARA SER BABACA
6 de novembro de 2017ARTIGOSAutoconhecimento,Babaca,Babaquice,Chatice,Chato,Otário,Paradigmas,Mudança
Eu e meus hiatos, hein, gente? Mas vamos lá! Faz parte, não é mesmo? É a falta de tempo, típica de um proletário (a tal Oficina do Diabo, lembra?), somada ao ócio de um viciado em livros, revistas, filmes, séries, músicas e – acreditem se quiser – games. Mas não estou aqui hoje para dar as velhas desculpas que tentam encobrir a pura e simples preguiça e a indisciplina intrínseca, mas para, num ato de desabafo ou catarse (que seja!), erigir um rol de 10 características/atitudes que fazem de um(a) babaca um(a) babaca. Aliás, é um manual de como ser babaca (três vezes, que é para calcinar bem). Para você se encontrar ou para deixar de se perder. Confira abaixo:
1. A FALSA QUINTESSÊNCIA DOS SEUS GOSTOS
Um(a) babaca que se preze tem em mente que sua predileção é a mais acertada possível. Seu gosto é de um requinte inquestionável, fruto de uma elevada percepção do mundo e o manifesto sui generis de uma alma que frui só o que há de melhor desta terra. Para o(a) bom(boa) babaca, tudo que não está no elenco das coisas maravilhosas que ele(ela) gosta não passa de lixo ou, simplesmente, vale nada (valor esse que se estende aos indivíduos de gostos desviantes aos seus).
2. "PASSOU DO MEU QUINTAL, NÃO ME INTERESSA!", OU APATIA SELETIVA
Já passou pela experiência de falar com alguém sobre algo, essa pessoa ouvir esterilmente e mudar de assunto como se a única coisa que tivesse ouvido segundos antes fora o cão ladrando lá fora? Regozije-se, você esteve com um(a) babaca (ou com um hiperativo, temos de admitir exceções)! O(a) babaca carrega dentro de si todas as coisas realmente interessantes que existem debaixo do céu (e até debaixo da terra). Tudo que esteja fora da sua esfera de interesses é opaco, disforme e sem cor, ou seja, sem graça. Interação e diálogo só são apreciados quando se trata de algo dentro desse microcosmo babaca, caso contrário, você vê na cara deles(as) a efígie do tédio.
3. A HECATOMBE DAS DIFERENÇAS
Não há tragédia ou desgraça maior para o(a) babaca do que pessoas diferentes do que ele(ela) é. Aqueles cuja idiossincrasia (em alguns casos mais graves, também a compleição física) esteja em dissonância com a do(a) babaca são, para esses, o que o Tinhoso é para os cristãos. Conviver, interagir ou ficar perto, por minutos que sejam, dessas “aberrações” é um sacrifício e um sacrilégio para os(as) babacas mais ortodoxos(as). Por esse motivo, oportunidades de maldizer, ignorar e, deliberadamente, maltratar – ainda que de forma sutil – não são desperdiçadas.
4. PARECE GROSSERIA, MAS É SÓ SINCERIDADE
Todo(a) babaca leva consigo a máxima “Não é grosseria, é sinceridade”. Embora a sinceridade sem tato seja como uma metralhadora nas mãos de um fundamentalista cego, o(a) babaca crê piamente que toda e qualquer gentileza não passa de bajulação. Ele(ela) vê sua arrogância, aspereza e estupidez “sinceros” como atestados de sua índole imaculada e personalidade célebre. E para vestir de vez a beca de vulto memorável e ser humano alfa blindado, o(a) babaca deve ostentar o bom e velho discurso do mimimi alheio, ou seja, se alguém sentir-se ofendido pela sua enxurrada de sinceridade, deve ser repreendido como um melodramático fraco e carente.
5. QUE "TO HELL" O QUÊ! "HIGHWAY TO" MEU UMBIGO
Pro inferno com “todos os caminhos levam à Roma”! Todos os caminhos culminam no microcosmo do(a) babaca. Tudo que existe, tudo que acontece e o que deixa de acontecer só o são por causa dele(a). Tudo e todos orbitam a altivez do sol fascinante que ele(a) é. E a lei máxima desse sistema babacossolar não é a da gravitação universal, mas a do “respeitem, contemplem e adorem meu brilho que vos ilumina!”, lei esta que, se ferida, só resulta em caos.
6. CINISMO, VULGO GIGANTISMO RETÓRICO
Os discursos do(a) babaca são todos de uma acidez ímpar. Cinismo, sarcasmo e ironia são os anabolizantes que o inflam e enaltecem ante ao seu interlocutor. Um(a) babaca vê como uma puta falta de tempo aquela conversa em que não conseguiu reduzir, ainda que subliminarmente, o seu ouvinte (sim, o[a] babaca adora ser ouvido) ao ser desprezível, pequeno e desinteressante que qualquer um deve ser diante de sua enlevada estatura intelectual e opulenta (e vil) presença de espírito. Além dos recursos de desprezo oculto, o(a) babaca sabe elencar as melhores formas de contar vantagem de acordo com o receptor-alvo que está tentando converter em esterco com seu e(go)vangelho.
7. A SÍNDROME DO AMOR ÚNICO, OU IDIOTA DEMAIS PARA COMPREENDER OUTROS
Sim, o(a) babaca também ama – ou acredita que o faz. Todavia, como o deus-sol que não pode deixar de ser, crê peremptoriamente que sua forma de amar – mesmo se for doentia – é a única que existe, se não isso, a mais correta. Execrando a pluralidade do gostar, o(a) babaca impõe a legitimidade da sua forma de encarar o amor e externa-lo, assim como tenta doutrinar a pessoa que “ama”, com cobranças extenuantes, para que o retribua “corretamente”. Se o(a) babaca tiver a sorte de ser amado(a) por alguém, termina por estragar tudo com a altivez de tratar esse amor como algo espúrio se esse, embora verdadeiro, passar ao largo do que ele(ela) considera “a forma correta”.
8. O MARTÍRIO EMO (NÃO, ELES NÃO MORRERAM) DO(A) BABACA
Não pense que o arcabouço de força, supremacia e inabalabilidade é o único caractere definidor de um(a) babaca. Como parte de seu mecanismo de defesa, lançar-se ao martírio faz do(a) babaca – aos seus próprios olhos – uma pessoa ainda mais imaculada do que ele(ela) pensa ser. No clímax de conflitos ou em finais inevitáveis, o(a) babaca é o(a) único(a) ferido(a); ninguém se machuca mais que ele(a). Como resultado dessa tragédia, o outro lado sempre será o monstro, enquanto o ferido, ainda mais após a superação rápida que sempre tem, será o adorável herói.
9. IRREMEDIAVELMENTE CERTO QUANDO IRREFUTAVELMENTE ERRADO
O(a) babaca nunca erra. Fato. No máximo, pega um atalho meio errado para dar de encontro com o acerto. Independentemente do que o resto do mundo pense ou diga, tudo o que ele(a) diz não é menos que a verdade, tudo o que faz é justo e correto e tudo o que pensa compõe inequívocos tratados. Parafraseando o Professor Girafales, o(a) babaca só se engana quando pensa estar enganado.
10. A IRREPREENSÍVEL E INIMPUGNÁVEL (E INGÊNUA, COITADA) PERSONALIDADE DELIRANTE
E, como ele(a) nunca erra, jamais deve ser corrigido(a)! O(a) babaca encara como afronta e ofensa imperdoáveis qualquer tentativa de repreendê-lo(a) ou qualquer insinuação de que ele(a) esteja errado(a). Já que se trata de uma seta certeira atirada ao mundo pelas mãos da vaidade, é inflexível e inquestionável. Qualquer tentativa, ainda que gentil, de apontar seus erros não passa de despautério, loucura, inveja e a mais herege e estúpida demonstração de nanismo declarado frente ao seu incômodo fado ao sucesso.
Se ao menos 5 destes pilares lhe parecerem familiares, meus parabéns! Se não for um(a) completo babaca, conhece algum(a).
Ser babaca é um paradigma que - ao contrário do que se lê em livros de auto-ajuda - não pode ser quebrado. Como qualquer outro paradigma, deve ser substituído por um novo. Essas marcantes facetas que traduzem apenas um pouco do que é ser um(a) babaca podem ajudar a metabolizar essa realidade pessoal numa outra melhor. Certamente, alguém vai se perguntar, também, o porquê de tantos parênteses com flexão de gênero. Esse recurso foi usado para ressaltar que a babaquice transcende gênero e não é doença só de menino ou só de menina. É algo do caráter e, muitas das vezes, da falta dele. Ah! E não vamos confundir o(a) babaca com o(a) canalha, o(a) idiota ou com o(a) promíscuo(a), ok? Esses são assuntos para um novo rol de pilares.
3 MÚSICAS PARA PENSAR O TEMPO E A JUVENTUDE
6 de novembro de 2017ARTIGOSTempo,Musica,Juventude,Envelhecer,Steelheart,Steel Dragons,Queen,Alphaville,We All Die Young,Who Wants to Live Forever,Forever Young
Nossa 4ª dimensão sempre encantou e intrigou a poesia, filósofos, cientistas e pensadores de todos os credos e em todas as épocas. Seja como uma destruidora força invisível ou como mais uma ilusão da realidade, o tempo é o que há de mais místico em nosso desespero cético. E é pouco provável que se fale de tempo sem se lembrar daquilo tudo que ele "leva", principalmente a juventude, a flor da nossa idade. Somos imaturos - intelectual e espiritualmente falando - para aceitarmos com naturalidade e paz o avanço dos anos e o nosso regresso ao pó. E, ao contrário do que se possa pensar, não é a morte que nos assusta, é a velhice, o fim do vigor da juventude.
Pensando nisso, lembrei de três músicas que retratam ambos os temas sob diferentes perspectivas e símbolos: We All Die Young, do Steel Heart (confesso que prefiro a performance da fictícia Steel Dragon); Forever Young, da performática banda oitentista Alphaville; e Who Wants to Live Forever, música tema de Highlander, eternizada na voz expressiva do grande mestre Freddy Mercury, do Queen. É claro que existem MUITAS outras músicas que tratam do tema, como Tempo Perdido (Legião Urbana), só para dar um exemplo, mas escolhi estas pela dramaticidade das letras e das interpretações.
STEELHEART/STEEL DRAGONS - WE ALL DIE YOUNG
https://www.youtube.com/watch?v=VQroCa9ZYM0
Todos morremos jovens? Não se sabe ao certo se Miljenko Matijevic compôs esta música tendo como inspiração sua própria vida, mas o fato é que ela descreve a miserabilidade da nossa passagem por este mundo, nossa resignação e conforto. Desperdiçamos nosso tempo, sendo escravizados por um sistema que nos mantem "funcionantes" para conseguir ao menos nos alimentarmos. Estamos tão mortos quanto Sísifo, num trabalho constante e estéril. Assim como ele, vivemos empurrando os nossos sonhos - os quais transformamos em pedra - morro acima, mas nunca conseguimos colocá-los para fora do precipício. Nos silenciamos e acabamos sofrendo a sós. A juventude, aqui dita, se trata de imaturidade, de falta de desenvolvimento, de um nanismo socio-humano-cultural e individual. "Morremos" ainda na juventude (a cronológica mesmo) e falecemos juvenis, sem a carga de crescimento que a vida e este tempo vivido poderia ter dado. É... nós morremos jovens.
ALPHAVILLE - FOREVER YOUNG
https://www.youtube.com/watch?v=cDa3dqlALjo
Uma ode à juventude, com certeza! Mas também um convite à reflexão. Há uma música no ar, tocada por homens loucos para homens tristes. E há o convite para dançá-la com elegância, por um instante. Regras! E esta sintonia que alcançamos ao "louvar" os nossos líderes? Não seria uma padronização generalizada? Uma metáfora para o controle inquestionável e morte da individualidade (não individualismo). "Eternamente jovem" é, na verdade, uma alegoria para rebeldia, para a luta pelo direito de pensar. É do espírito jovem que se trata esta música. Você realmente quer (sobre)viver para sempre? Não seria melhor ser ser "eternamente" jovem! Já diziam os poetas que o tempo se eterniza no instante ou em certa porção de tempo. É a nossa vontade que detém tal poder.
QUEEN - WHO WANTS TO LIVE FOREVER
https://www.youtube.com/watch?v=SN91izVameE
A mais romântica das três! Quem é que gostaria de viver para sempre, conhecendo as vicissitudes deste mundo? Ainda mais quando se sabe que o livre arbítrio é um engodo e que a mais sólida noção de controle sobre sua própria vida nada mais é que uma mera braçada num mar de determinismo. A eternidade é muito para os que esperam e muito pouco para os que amam. Como citei na música acima, resta viver a eternidade em cada segundo do hoje.
MAS E O TEMPO E A JUVENTUDE?
Enfim, é a nossa consciência que transita na assombrosa via das horas. E se esta estrada invisível, que é o tempo, permite-nos a dinâmica da consciência, resta-nos a missão de descobrir (ou redescobrir) como dourar nossas faces frente ao sol da eternidade. Os ponteiros do relógio só giram para que lembremos que estamos em movimento e que devemos encontrar a nossa homeostase venal. A juventude é um status que independe de uma contagem cronológica, de um rótulo escrito por esta ilusão pavimentada. A juventude é o caráter que nos tira da posição de potência e nos impulsiona para sermos ato. Tudo, no fim, se resumiria a uma frase que atravessa séculos:
"Carpe diem quan minimum credula postero!" ou "Aproveite o dia como se não houvesse amanhã".
RESENHA: FREJAT - O QUE MAIS ME ENCANTA (MÚSICA)
31 de julho de 2016RESENHAS E CRÍTICASLetras,Musica,Rock Nacional,Frejat,Guitarra,Rock,MPB,Resenha,Crítica
No Barão Vermelho, Frejat já causava frisson na mulherada desde os anos 80, e sua carreira solo não fica atrás. Dono de uma forte e característica voz grave, eleito (por uma revista britânica) o melhor guitarrista brasileiro dos anos 80 e carismático, Roberto Frejat ainda faz muito sucesso com sua poesia em forma de música. Músicas para se apaixonar e para refletir. Segredos, música do seu primeiro álbum solo ainda é recitada como mantra por milhões de solitários apaixonados por aí, mas seu repertório é vasto e possui músicas tão ou mais interessantes quanto. O Que Mais Me Encanta é um bom exemplo do que estou falando.
É interessante a maneira como ele trabalha a estética e desvencilha a beleza do status quo, do padrão adônico e da ditadura corporal que a moda e a mídia impõe virulentamente. Apaixonar-se por uma beleza sem imagem e por características marcantes (o mundo chamaria de defeitos, feiura) que transformam o objeto de desejo em algo único, perfeito por justamente possuir uma harmônica falta de perfeição. É fácil desenhar mentalmente a figura da mulher que ele tão habilmente descreve, da mesma forma que é fácil conhecer e se simpatizar com sua personalidade viva. Difícil mesmo é não se encantar também por ela.
Com uma fórmula eficaz de perfeita simetria entre voz, letra e instrumental, Frejat nos causa uma estase sinestésica e nos permite experimentar cada uma das sensações que a música descreve. Enfim, é uma música para redescobrirmos o que é se apaixonar, para repensarmos a beleza e para perscrutarmos também a nossa "besta-fera" dentro de nós. Ouvir a sós é reflexão, ouvir a dois é inspiração.
Abaixo, o vídeo com a música e, em seguida, a simples e linda letra:
É a tua capacidade de me enlouquecer;
A tua sensualidade ardente,
Teus dentes separados na frente;
Teu sorriso esperto de quem muito já sofreu,
Tua inteligência moleque, de pernas tortas,
Teu delírio otimista à beira da sorte;
Teu rosto infantil,
Teus traços fortes;
O que mais me encanta... em você,
É o teu peito, num vestidinho colado,
A tua sensualidade ardente
Teus dentes separados na frente
Teu sorriso esperto de quem muito já sofreu
O poder eletrizante que o teu sim
Exerce na besta-fera dentro de mim
A possibilidade de um mundo pequeno
Conter uma enorme galáxia
E ter me transformando em alguém mais perto
Do que eu idealizo ser.
O que mais me encanta em você
É a tua capacidade de me enlouquecer
O que mais me encanta em você
É a tua capacidade de me enlouquecer.
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