Sangraste teus ternos olhos doces
Fitando a imensidão de um escuro impenetrável
Enquanto tua face pálida, quase sem sangue
Enrugava um sorriso pelo prazer do inalcançável
Salientaste no etéreo aquilo em que confias
Deixando clara a evidência do irrefutável
O mundo vazio da inércia passiva
Viu-se sem forças para continuar sendo
Pois, no silêncio noturno, tua voz se ouvia
Recriando o espetáculo de um Eterno vivendo
O tempo cristalizou-se em volta de ti
Quando quebraste a prisão que fizera
Tornando tudo aquilo que um dia já foi
Em peixes já mortos no lago das eras
Renasceste de onde jamais pensaria
E transformaste a dor em palavras singelas
Muito mais do que teu mero eu mudou
No momento em que vislumbrava-se com trevas
E se refugiava no lado quente da aurora
Remodelaste vidas e tudo que havia nelas
Agora que descansas ao som do nada
Sabes que o nada é algo que nunca descansa
Aprendeste que o sangue que choravas
Tornou real a ausência da desesperança
Antes teu sonho do que minha realidade
Esse é encantador!
XD
Adorei^^
cara esse final tbm ficou bem forte…
“Antes teu sonho, do que minha realidade.”
Final forte. Ecoa como um grito de libertação no meu ouvido.
Sua poesia perambula por duas imagens (pelo menos assim vejo), ou seja, está fixada nos paradoxos, que é aquilo que mais admiro e busco na poesia.
Carne, espírito; amor e ódio, prisão e libertação, certo e errado; perversão e sublimação, luz e sombra, sangue e escuridão.
Aliás essa imagem de sangue (escarlate/luz), escuridão (noite/prisão) parece que é uma obsessão sua e um retrato da vida em si.
O ser humano está perdido nessa duplicidade. O Manas (lado mais espiritualizado) e o Kama Manas (mente dos desejos). Você transcreve com muita emoção e ousadia a luta de todas as pessoas no caminho da luz e do bem. Por isso vejo a importância do que voc~e faz trabalhando com coisas tão contrárias como a luz e a sombra.
Parabéns pela poesia!
Putz! Obrigado.